O Conselho Empresarial Mexicano para Comércio Exterior, Investimento e Tecnologia (Comce) destacou o impacto das tarifas sobre as exportações dos EUA para o México.
De acordo com sua perspectiva, as tarifas afetariam diretamente os principais setores das exportações dos EUA para o México, especialmente aqueles integrados em cadeias de suprimentos trilaterais.
Tarifas sobre as exportações
A maioria dos setores sofreria uma forte contração, com os maiores impactos em manufatura, metais, alimentos e madeira.
Por exemplo, estimou-se que as exportações de metais não ferrosos poderiam cair 35% com a tarifa dos EUA; 31% para computadores e eletrônicos; e 23% para o setor automotivo.
Nos últimos 70 anos, as tarifas foram responsáveis por menos de 2% da receita federal dos EUA. Em 2024, elas contribuíram com apenas 1,57%. Mais do que uma fonte de receita, seu uso tem sido vinculado à promoção do livre comércio e a objetivos de política externa. Mas isso mudou com o presidente Donald Trump.
No entanto, apesar do contexto, durante o primeiro trimestre de 2025, as exportações mexicanas não petrolíferas -que representaram 96,1% do total- cresceram 5,41% ao ano, graças a um aumento de 6,2% nas vendas para os Estados Unidos, contra apenas 1,3% para o resto do mundo, de acordo com dados do Banco Base.
No setor automotivo, as exportações para os EUA caíram 2,4%, devido a fatores sazonais, a uma base de comparação elevada em janeiro e a ajustes de produção em face de novas tarifas.
Em contrapartida, as exportações não automotivas cresceram 10,7%, impulsionadas por compras antecipadas para evitar tarifas. Destaca-se o capítulo 84 do Sistema Harmonizado (máquinas e aparelhos mecânicos), que cresceu 43,22% nos dois primeiros meses do ano. Somente o item tarifário 84715001 (chips e unidades de processamento) foi responsável por mais de 90% desse crescimento.
Até o momento, o impacto das tarifas tem sido menor do que o esperado devido a certas exceções que os Estados Unidos aprovaram em relação ao México.
Comércio bilateral
Esse dinamismo confirma a força estrutural do setor de exportação mexicano, mas também destaca a importância de fortalecer as condições internas para sustentar esse desempenho no novo ambiente comercial.
Desafios internos, de acordo com o Comce: o México deve consolidar uma agenda que garanta segurança jurídica, infraestrutura, logística moderna, conectividade eficiente e fornecimento confiável de energia.
Para o Comce, esses elementos são essenciais para atrair investimentos, garantir o cumprimento das regras de origem e responder com flexibilidade a novas exigências regulatórias ou tarifárias. Além disso, o fortalecimento da segurança nos corredores industriais e a redução do tempo nos procedimentos comerciais contribuirão para melhorar a competitividade regional.