A empresa chinesa BYD adiou indefinidamente a construção de uma fábrica no México em um contexto crucial da geopolítica na indústria automotiva.
Este projeto envolve um investimento previsto de US$ 2 bilhões.
A BYD é a fabricante de equipamentos originais com maior crescimento na China nos últimos anos. A empresa avança rapidamente graças a um alto nível de integração vertical. Além disso, mantém uma ampla proporção de produtos e sistemas de abastecimento interno, o que reforça seu controle operacional e melhora sua eficiência.
Geopolítica na indústria automotiva
A BYD mantém uma participação de mercado dominante em veículos elétricos de nova geração. Sua liderança é especialmente clara em modelos com preço inferior a 200.000 RMB (US$ 27.400). Assim, a empresa consolida sua presença nos segmentos de maior volume.
Além disso, dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis mostram um salto notável nas exportações. A China enviou 5,859 milhões de veículos para o exterior em 2024, um aumento anual de 19,3%. Com isso, o país reafirma sua posição como maior exportador mundial de automóveis.
Ao mesmo tempo, os carros chineses se consolidam nos mercados internacionais. Sua expansão impulsiona o avanço do setor automotivo global.
Também se destaca o desempenho dos veículos movidos a novas energias, cujas exportações atingiram 1,284 milhão de unidades em 2024, um aumento de 6,7%. Esse ritmo oferece um impulso fundamental para a mobilidade sustentável.
Por fim, o domínio da BYD fica claro na América Latina. No Brasil, seus veículos elétricos superam 80% das vendas do mercado nacional. Com isso, a empresa se posiciona como um ator central na transição energética da região.
Investimento da BYD
Em 2023, a BYD anunciou seu plano de construir uma fábrica automotiva no México. O investimento inicial seria de US$ 1 bilhão e permitiria produzir 150.000 carros elétricos por ano, além de gerar mais de 10.000 empregos. No entanto, entre 2024 e 2025, o projeto entrou primeiro em incerteza e depois em pausa.
De acordo com o Financial Times, o governo de Pequim adiou a autorização para a BYD investir no México. O argumento foi claro: a tecnologia da empresa poderia vazar para os Estados Unidos devido à proximidade geográfica. Na China, as montadoras devem obter aprovação oficial para investir no exterior, e a BYD não a havia obtido até o início de 2025.
Uma análise da Câmara dos Deputados do México ofereceu uma interpretação mais ampla. A decisão insere-se na guerra tecnológica entre a China e os Estados Unidos. Pequim teme que, se a BYD instalar uma fábrica no México, suas inovações em veículos elétricos possam ser acessadas ou copiadas a partir do território norte-americano. Além disso, a análise apontou que a medida também pode ter respondido a outros fatores. Por exemplo, a China pode ter freado o projeto antecipando que os Estados Unidos pressionariam o México a aplicar controles mais rígidos às importações chinesas.
O caso da BYD teve uma reviravolta adicional. A Liverpool, rede de lojas de departamento, decidiu suspender a venda dos veículos. Assim, a BYD ficou sem distribuidor no México, apesar de ter construído uma importante rede de pontos de venda e serviços.