O presidente Donald Trump está buscando aumentar a atração de investimentos nos Estados Unidos, em parte por meio da pressão de sua política tarifária.
Trump quer fortalecer a produção de determinados setores estratégicos, como o automotivo e o de semicondutores, e tem insistido para que as empresas transfiram suas fábricas para os Estados Unidos se quiserem evitar o pagamento de tarifas e vender para o mercado americano.
Nessa política, como cenário, pode acontecer que Trump aumente as tarifas a ponto de efetivamente atrair investimentos para os Estados Unidos e depois reduza as tarifas quando as plantas de produção de seu interesse já estiverem instaladas nos Estados Unidos.
Atração de investimentos nos Estados Unidos
De acordo com essa premissa, as empresas que se mudarem para os Estados Unidos poderão ganhar enquanto as tarifas forem altas nos Estados Unidos, mas também poderão perder se elas forem reduzidas e seus custos de produção forem mais altos nos Estados Unidos em comparação com outras opções.
Aqui estão dois exemplos da atual pressão dos EUA.
Boomerang
Em 6 de julho, o Secretário do Tesouro Scott Bessent informou na CNN que o governo Trump enviará cartas a 100 países. A mensagem é direta: se não houver progresso, as tarifas anteriores serão restabelecidas.
As novas tarifas entram em vigor em 1º de agosto. Após essa data, os países não cooperantes voltarão aos níveis tarifários vigentes em 2 de abril.
Bessent não deixou margem para dúvidas. Ele descreveu o ultimato como algo que voltará com uma vingança, “como um bumerangue”.
Espiral
Trump emitiu uma nova advertência comercial. Em uma carta enviada no último sábado à presidente mexicana Claudia Sheinbaum, ele ameaçou impor uma tarifa de 30% sobre as importações do México.
O argumento: falta de cooperação em face da crise de consumo de fentanil nos Estados Unidos. Ele também citou o persistente déficit comercial com seu vizinho do sul.
Trump escreveu a Sheinbaum: “Se, por algum motivo, você decidir aumentar suas tarifas, seja qual for o número que você escolher para aumentá-las, ele será adicionado aos 30% que cobramos”.
O Fundo Monetário Internacional, a UNCTAD e a OMC emitiram um alerta conjunto. O aumento das tensões comerciais e a incerteza política podem prejudicar o crescimento econômico global. Além disso, são previstos impactos diretos sobre os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED).
Competitividade
Diante desse cenário, as empresas já estão ajustando suas estratégias. Elas estão buscando se adaptar a um ambiente cada vez mais volátil e complexo.
Diante desse cenário, as empresas já estão ajustando suas estratégias. Elas estão buscando se adaptar a um ambiente cada vez mais volátil e complexo.
Nesse contexto, o IED desempenha um papel duplo. Por um lado, permite que as empresas americanas se expandam para o exterior e atraiam capital para seu território. Por outro lado, ele gera preocupações.
Alguns atores destacam seus benefícios: aumento de empregos, inovação e capacidade produtiva. Outros, porém, alertam para os riscos. O offshoring de empregos e os vínculos com a China em setores estratégicos podem comprometer a competitividade e a segurança nacional dos EUA.