As importações de automóveis chineses para o México pagarão uma tarifa de 50%, em vez da taxa atual de 20%, se for aprovada uma iniciativa de decreto apresentada pela presidente Claudia Sheinbaum.
Em 2024, o México registrou um déficit histórico no comércio de automóveis com a China. O saldo negativo atingiu US$ 5,068 bilhões, o nível mais alto neste segmento.
Nesse mesmo ano, as exportações mexicanas de automóveis para o mercado chinês caíram para US$ 262 milhões. Foi o valor mais baixo desde 2010 e confirmou uma tendência de queda.
Em contrapartida, as vendas de automóveis chineses no México bateram um recorde. Elas somaram US$ 5,332 bilhões em 2024. O valor mais que dobrou o registrado em 2022 e consolidou a China como o principal fornecedor externo.
Automóveis chineses para o México pagarão uma tarif
A medida faz parte de um programa nacional que aplica a tarifa máxima autorizada pela Organização Mundial do Comércio. No total, abrange 1.463 frações tarifárias ligadas a 17 setores estratégicos.
Com as mudanças, as tarifas para importar automóveis aumentam drasticamente. Passam para 50%, da faixa atual de 15 a 20%. Ao mesmo tempo, os impostos para a importação de autopeças sobem para uma faixa de 10 a 50%, em comparação com a faixa anterior de 0 a 35%.
O ajuste marca uma mudança na política comercial do México. Também coloca a indústria automotiva e de autopeças no centro da estratégia para proteger setores-chave e fortalecer a produção nacional.
A China liderou a produção mundial de veículos leves, com 23,4 milhões de unidades em 2024.
Práticas de dumping
A produção de automóveis leves na China mantém um crescimento sustentado. A recuperação se explica pela forte demanda interna, pelos avanços tecnológicos e pelo boom dos veículos elétricos. Com essa combinação, o país se consolidou como o maior fabricante do mundo. Em 2024, atingiu um terço da produção global.
Diante desse cenário, o México prepara uma mudança em sua política comercial. “Estavam me perguntando se vamos aplicar a tarifa aos veículos provenientes da Ásia, e em particular da China. Eu respondi que sim. Eles já têm tarifa. A tarifa é de 20%. Agora, o que vamos fazer? Vamos aumentá-la, o que nos permite a Organização Mundial do Comércio, que chega a 50%”, explicou Marcelo Ebrard, secretário de Economia do México.
O ministro das Relações Exteriores indicou que a medida responde a um problema de preços. “Porque os preços que estão chegando ao México estão abaixo do que chamamos de preços de referência”, acrescentou.
Mais adiante, ele detalhou o critério. “Você tem um preço de referência para cada produto. Quando um produto chega ao seu país abaixo desse preço, se for um único produto, você faz uma investigação antidumping. Um único produto. Mas se forem muitos, o que você faz? Você modifica sua tarifa. Porque, caso contrário, a indústria nacional fica em desvantagem. Então, por essa razão, estamos tomando essa medida”.