As crises globais fortaleceram os vínculos e a integração da produção norte-americana, enfatizou Marcelo Ebrard, Secretário de Economia do México.
Mais de 50% do comércio entre o México, os Estados Unidos e o Canadá corresponde a produtos intermediários. Ou seja, componentes, peças e outros insumos que cruzam as fronteiras antes do produto final. Isso confirma um alto nível de integração nas cadeias de valor regionais.
De acordo com Ebrard, essa cooperação não é nova. Ela é o resultado de um processo histórico. Um processo que alinhou interesses entre três economias com trajetórias diferentes.
Além disso, fatores estruturais, como a proximidade geográfica e a complementaridade demográfica, têm sido fundamentais. Graças a eles, a região superou tensões e crises ao longo do tempo.
Produção norte-americana
Hoje, apesar das mudanças políticas e geopolíticas, a interdependência econômica continua forte. As cadeias de suprimentos continuam fortes. E os benefícios compartilhados continuam a fazer da América do Norte um bloco competitivo.
Nas palavras de Ebrard: “As disputas comerciais e as crises globais do passado fortaleceram, em vez de enfraquecer, os laços entre os países, consolidando a região como um bloco resiliente e competitivo”.
Ebrard refletiu essas ideias no relatório USMCA Forward 2025, produzido pela Brookings Institution.
China vs. México
Os Estados Unidos, o Canadá e o México têm uma excelente oportunidade. Um relatório da Information Technology and Innovation Foundation (ITIF) argumenta que, para fortalecer a integração regional, as três nações devem coordenar as políticas de comércio, tecnologia e inovação. Além disso, é fundamental reverter as medidas protecionistas que prejudicam a competitividade.
O relatório argumenta que é mais estratégico para os Estados Unidos manter a produção de baixo custo no México do que na China. Também é de seu interesse expandir o mercado regional e desenvolver fortemente os recursos naturais do bloco norte-americano. Entretanto, as tarifas de 25% impostas pelo governo Trump ao Canadá e ao México vão na direção oposta. Essas tarifas ameaçam enfraquecer o sistema produtivo compartilhado.
Em março de 2025, a ITIF apresentou uma nova proposta comercial. Em seu relatório Toward Globalization 2.0, a agência sugere uma estratégia para fortalecer a liderança industrial dos EUA. Entre as recomendações, destaca-se a adesão a tratados como o TTIP. Isso tornaria possível combater práticas comerciais injustas, especialmente da China.