O secretário da Economia, Marcelo Ebrard, afirmou que a China oferece proteção industrial e o México não reclama nada a esse respeito.
Suas palavras foram proferidas no âmbito do início de uma investigação chinesa sobre um aumento que o México planeja impor a produtos de países com os quais não tem acordos comerciais.
Proteção industrial
“Eles (os chineses) protegem alguns setores, mas nós também. Tudo bem, não há problema. Nunca protestamos contra isso. Por exemplo, o açúcar é muito difícil de exportar. (A China) tem quase 30% de tarifa. Mas nunca dissemos que isso é uma medida política ou algo assim”, disse Ebrard, questionado pela imprensa ao final do evento “What Design Can Do México”, realizado na Cidade do México.
O governo de Claudia Sheinbaum propôs aplicar a tarifa máxima autorizada pela OMC. A medida afetaria 1.463 frações tarifárias de 17 setores estratégicos. Faz parte do Pacote Econômico 2026, que deve ser aprovado em 2025 pelo Congresso mexicano.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China anunciou nesta quinta-feira uma investigação. O processo analisará possíveis barreiras ao comércio e ao investimento decorrentes das medidas restritivas promovidas pelo México. A decisão marca um novo foco de tensão bilateral.
“As tarifas não são um ato político para o México. É preciso fazer uma distinção. Talvez em outros países, como o nosso vizinho, elas tenham essa implicação; nós não temos essa ideia”, comentou Ebrard.
Balança comercial
Esta semana, Ebrard se reuniu com o embaixador da República Popular da China, Daojiang Chen, na Cidade do México para tratar deste assunto.
“O motivo dessas decisões é proteger algumas indústrias do México e cuidar de nossa balança com o exterior. Então, eu disse ao embaixador que o déficit do México com a China cresceu entre 2020 e 2025 83%. Esse ritmo de crescimento é insustentável. Ou seja, isso significa que, se não fizermos nada, no ano que vem o déficit vai dobrar”, acrescentou Ebrard.
De acordo com um comunicado divulgado na última quinta-feira, o governo chinês iniciará a investigação de acordo com a Lei de Comércio Exterior da República Popular da China. Além disso, aplicará as normas para investigar barreiras ao comércio exterior emitidas por seu Ministério do Comércio.
“Eu disse a ele (ao embaixador) que essa é uma medida semelhante à que vocês tomaram no ano passado. No ano passado, vocês aumentaram várias centenas de tarifas, porque querem proteger algumas indústrias”, disse Ebrard.