O México aplicará novas tarifas em 1.371 frações tarifárias, o que implica o maior endurecimento de sua política comercial nas últimas quatro décadas.
O governo vai impor tarifas entre 10% e 50% a 16,8% dos produtos que chegam do exterior sem acordos comerciais em vigor. A medida foi formalizada em um decreto assinado pela presidente Claudia Sheinbaum.
As tarifas abrangerão 1.371 frações tarifárias de um total de 8.177 que compõem a TIGIE, a Tarifa da Lei de Impostos Gerais de Importação e Exportação. Na prática, quase um em cada seis produtos importados enfrentará um custo adicional.
O México aplicará novas tarifas
Os setores envolvidos são amplos. Entre eles destacam-se a indústria automotiva, têxtil, de plásticos, aço, eletrodomésticos, alumínio, brinquedos, móveis, calçados, papel, motocicletas, reboques e vidro. As novas taxas entrarão em vigor 30 dias após sua publicação no Diário Oficial da Federação e permanecerão em vigor até 31 de dezembro de 2026.
O governo sustenta que as tarifas não se aplicam apenas para arrecadar. O objetivo central é proteger o mercado interno e corrigir distorções comerciais. De acordo com o decreto, a abertura das últimas décadas favoreceu a importação de insumos, enfraqueceu ramos produtivos e aumentou a vulnerabilidade diante de choques externos.
Agora, a estratégia muda. O plano visa que a produção seja realizada no México e que sejam gerados empregos para os trabalhadores nacionais. Além disso, a proposta está alinhada com o Plano Nacional de Desenvolvimento e com o Plano México 2030. A meta é que pelo menos 50% do fornecimento estratégico seja nacional, incluindo inovação e desenvolvimento tecnológico.
Impulso industrial
A iniciativa também responde a uma reivindicação histórica da indústria. O objetivo é proteger empregos com melhores remunerações, evitar práticas comerciais desleais, impulsionar cadeias de fornecimento regionais e alinhar a política tarifária com critérios de desenvolvimento sustentável.
O impacto fiscal será relevante. De acordo com a Secretaria da Fazenda, as receitas tributárias provenientes das importações aumentarão 40,7% em 2026. Em termos nominais, a arrecadação passará de 181,1 bilhões de pesos em 2025 para 254,8 bilhões em 2026.
O peso dessas receitas também crescerá. Sua participação na arrecadação total avançará de 3,3% em 2025 para 4,4% em 2026. Paralelamente, o Ministério da Fazenda prevê que a receita tributária total chegue a 5 trilhões 838,6 bilhões de pesos, com um crescimento real de 5,7%.
Em conclusão, as novas tarifas representam uma mudança na política econômica mexicana. Mais do que uma barreira comercial, o governo as apresenta como um instrumento estratégico para industrializar, proteger empregos e garantir um crescimento inclusivo.