A política comercial dos EUA em 2025 não estará mais ancorada na Organização Mundial do Comércio (OMC), enfatizou o Comce.
Do seu ponto de vista, o sistema de comércio multilateral está passando por uma transformação estrutural.
No documento “Mexico in the new international trade order: leadership in times of global disruption”, o Comce indicou que os Estados Unidos redobraram sua política de defesa comercial e começaram a operar sob uma lógica de “reshoring”, em que a segurança, a migração e a rivalidade com a China reconfiguram seus vínculos comerciais.
Política comercial dos EUA
Os EUA foram uma peça fundamental na criação do sistema de comércio multilateral, participando do GATT em 1947 e da fundação da OMC em 1995. Embora muitos países tenham acordos bilaterais, mais de 60% do comércio de bens e serviços dos EUA é regido pelas regras da OMC, sem acordos de livre comércio.
Mas o ECC considerou que a política comercial dos EUA não está mais ancorada no sistema de comércio multilateral e nos acordos preferenciais.
Os EUA agora favorecem medidas unilaterais baseadas em considerações de segurança nacional e buscam reequilibrar sua balança comercial, impulsionar sua reindustrialização e usar as tarifas como uma importante fonte de receita fiscal.
Tarifas vinculantes
«A imposição de tarifas recíprocas, mesmo sem fundamentos legais e técnicos claros, e o enfraquecimento do sistema multilateral – particularmente da OMC – estão desestabilizando as regras do jogo global. Estamos diante de um sistema comercial em que prevalecem a incerteza, o unilateralismo e a visão de curto prazo», disse o Comce no documento, apresentado na terça-feira em um evento realizado nos escritórios do BBVA México.
Uma análise do Cato Institute confirma essa tendência. A taxa tarifária média efetiva nos Estados Unidos chegará a 17,8% em 2025, o nível mais alto desde 1933. Mesmo após ajustes para o comportamento do consumidor, ela permanece em 16,4%, excedendo os níveis históricos.
Os EUA usam as tarifas como tática de uma estratégia comercial e política. As motivações variam desde a proteção de produtos sensíveis (como aço, alumínio e automóveis) até o uso de tarifas como receita tributária ou elementos de pressão geopolítica, especialmente em relação à China.